Jorge Paz Amorim

Minha foto
Belém, Pará, Brazil
Sou Jorge Amorim, Combatente contra a viralatice direitista que assola o país há quinhentos anos.

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Vamos ser gauches na vida?



As propostas do professor Vladimir Safatle, para uma nova postura de um governo de esquerda que se venha a instalar no país, com adoção de mecanismos de democracia direta, confisco de aparelhos produtivos, restrição do direito à propriedade privada, em lugar de operar nos marcos da governabilidade próprios à democracia liberal, com suas exigências de conciliação e cooptação, não deixa de ser estimulante, principalmente após a lição deixada pelo golpe dado contra a presidenta legítima Dilma Rousseff. 

De certa forma, parece ser isto que a organização da classe trabalhadora espera como passo adiante na superação da experiência vivida entre 2003/2016. Aliás, algo semelhante já havia sido proposto por Dilma, mas prontamente rechaçado no Senado Federal, inclusive pela base de apoio do próprio governo, àquela altura já enfraquecido pelos movimentos dos conspiradores pemedebistas.

Fica claro, então, que um novo governo de esquerda precisa fugir das armadilhas do processo eleitoral e ter a coragem de estimular o debate mais radical a respeito de seus projetos, sem medo de ser  demonizado pelo aparelho midiático que manipula boa parte do eleitorado brasileiro, fazendo com que este vote contra seus próprios interesses.

Segundo Safatle, "A esquerda cresceu onde radicalizou suas posições. Isso ocorreu recentemente no Reino Unido, na França (onde a esquerda mais radical quase passou ao segundo turno das eleições) e na Espanha. A política foi para os extremos -e mesmo em um país como o Brasil isto está claro. O problema é que apenas um dos extremos parece não ter medo de dizer seu nome." 

De minha parte, acho tudo isso muito interessante. Não porque seja a panacéia que virá curar todos os nossos males pós golpe, mas por mostrar que o governo petista esteve preso por uma dinâmica política completamente integrada à gestão de maiorias parlamentares, esquecendo-se de a que política é um jogo de forças e que o respeito à "institucionalidade democrática" no Brasil duraria apenas enquanto a esquerda parecesse ter unidade e força popular.

Como ainda não li o livro do professor, intitulado "Só mais um esforço", onde estão postas essas questões, apenas li a entrevista que o autor deu à Folha, transcrita por Paulo Henrique Amorim, faço o registro para que haja debates envolvendo questões dessa natureza, coisa que a esquerda necessita desesperadamente.

Nenhum comentário: