Jorge Paz Amorim

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Sou Jorge Amorim, Combatente contra a viralatice direitista que assola o país há quinhentos anos.

quarta-feira, 29 de maio de 2013

De 'elefante branco' a polo de negócios


O jogo entre Flamengo e Santos no último domingo deu sinais de como o setor produtivo do Distrito Federal pode faturar com grandes eventos. Cálculos de especialistas consultados pelo Correio mostram que partidas de futebol e shows de grande porte serão capazes de injetar até R$ 12,3 milhões na economia local. O GDF estima que, inicialmente, o Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha abrigue pelo menos um grande evento por mês, o que pode gerar R$ 150 milhões ao ano. A conta, feita para o Correio pela Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan), leva em consideração um público estimado em 60 mil — 85% da capacidade da arena — e inclui os gastos dos frequentadores com bilheteria, alimentação, transporte, além de souvenirs. A estimativa do órgão é que 15% do público venha de outras cidades.

No domingo, quem faturou alto com a movimentação de torcedores ao redor do estádio Nacional foi o comércio. Nos arredores da arena, os quiosques de comidas típicas e bares e restaurantes dos dois shoppings centers mais próximos ficaram abarrotados de clientes, especialmente antes do início do jogo, às 16h. Torcedores dos dois times lotaram, por exemplo, uma churrascaria localizada a apenas 1,5 km do estádio. Nas contas do gerente regional do estabelecimento, Cássio Alexandre da Silva, as vendas aumentaram 40% em relação a domingos normais. “A última vez que tínhamos visto um movimento tão grande num domingo havia sido em 2008, quando o São Paulo ganhou o Brasileirão em cima do Goiás, jogando no Gama”, disse.

Em um shopping da Asa Norte, o gerente de uma lanchonete registrou aumento de 70% nas vendas da loja. Segundo Roni Silva Lemos, 31 anos, no entanto, a demanda foi tão grande que chegou a provocar desconforto nos clientes. Na opinião do presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal, Adelmir Santana, a perspectiva é de melhoria para a economia da cidade em torno das atividades do estádio, “desde que o espaço seja gerido de forma a trazer melhorias para a população”.
Vendas em alta
Quem também faturou alto foram os comerciantes da Torre de TV. A vendedora Francisca Maria Malaquias, 37 anos, percebeu o maior número de pessoas que circularam pela Feira da Torre de TV no domingo. Seu faturamento cresceu com a venda de produtos ligados ao futebol. “Percebi mais pessoas circulando e a presença de alguns turistas que vieram de fora para ver a partida. Mas o que mais vendi neste domingo não foram lembrancinhas da capital, e sim itens relacionados aos times de futebol, como canecas e porta-latas”, disse. Rafael Franco, 31 anos, proprietário de uma lanchonete, confirma que as vendas aumentaram, mas reclama do isolamento do estacionamento do local. “Quem vendeu comidas e bebidas faturou acima de quaisquer expectativas, mas muitos colegas encerraram as atividades mais cedo por conta da impossibilidade de os clientes estacionarem perto para levarem a mercadoria”, afirmou.

Para o secretário Extraordinário da Copa no DF, Cláudio Monteiro, o estádio vai movimentar a economia além dos jogos de futebol. “Brasília tem o maior PIB per capita do país. Faltava apenas um local adequado para fazer grandes shows e jogos. A apresentação de Paul Mccartney em Goiânia poderia ter sido aqui. Tratamos o Mané Garrincha como um espaço de entretenimento, e não apenas como um campo de futebol”, afirmou. O espaço conta com quatro salões que podem abrigar casamentos e congressos, por exemplo. Segundo o secretário de Turismo do DF, Luís Otávio Neves, o gasto de uma pessoa para assistir a um show em outra cidade é, em média, de R$ 450 por dia. “Mesmo sem levar em consideração os grandes eventos esportivos, é possível afirmar que a arena fomentará o setor como um todo. Nem todos os turistas ficarão em hotéis, mas com certeza gastarão na cidade.”

Gasto médio de R$ 205

Na avaliação de especialistas em finanças e em marketing esportivo, os grandes eventos tendem a alavancar setores como comércio e serviços. Além do preço do ingresso, um morador da cidade gasta em torno de R$ 50,00 com alimentação, bebidas e transporte até o estádio, totalizando em média R$ 205. No caso de turistas, haverá ainda injeção de recursos em segmentos como hotéis e restaurantes, elevando o gasto médio para R$ 860.

O diretor da Sociedade Brasileira de Gestão e Marketing Esportivo Rodrigo Fortuna sustenta que, a fim de não se tornarem espaços inutilizados, os novos estádios terão de funcionar essencialmente como centros de lazer. “Tudo depende da gestão para que não virem elefantes brancos. É preciso observar a vocação da arena e demonstrá-la aos investidores. Com essa visão, é possível que os empreendimentos sejam rentáveis para a cidade”, considera. Pelos cálculos de Fortuna, um evento de grande porte, como o jogo entre Santos e Flamengo, deixa cerca de R$ 8 milhões para a capital federal, fora o dinheiro arrecadado pelos organizadores com eventos.

Embora o GDF acredite que 12 grandes jogos ou shows por ano sejam suficientes para a viabilidade econômica da arena, especialistas afirmam que serão necessários mais eventos para que o estádio consiga gerar receita suficiente para cobrir os pesados custos com a manutenção. “Uma arena desse porte, para ser viável, tem de acomodar pelo menos 50 grandes eventos por ano”, ressaltou o pesquisador Robert Alvarez, professor do curso de negócios de esportes da ESPM.
Para os próximos meses, a arena deve receber outros jogos do Brasileirão. O primeiro grande show musical deve ser da cantora Beyoncé, que planeja única apresentação em 17 de setembro. Há negociações para trazer a Brasília o cantor Justin Bieber e a banda Rolling Stones. Oficialmente, GDF não confirma essas apresentações.

LARISSA GARCIA
DECO BANCILLON
ARTHUR PAGANINI(Correio Brasiliense)/A Justiceira de Esquerda

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